sexta-feira, março 23, 2007

** Maria e uma noite de outono. **

A noite havia caído, já. O outono estava começando. Maria dirigiu-se ao Parque. O trabalho havia terminado, por enquanto. Queria dar um tempinho... estava cansada. Dormira pouco naquela noite. O calor, ainda sufocante, os mosquitos... seu filho. Enfim, tudo contribuíra para não poder relaxar o suficiente.
A grama e as árvores já demonstravam o início da nova estação. Maria segurava a guia de sua fiel amiguinha. Ela cheirava a cada cantinho. E Maria não conseguia dar um ritmo aos passos. Olhou, então para as estrelas. Havia recebido uma mensagem com uma frase que lhe chamara atenção: -"Quando olhares as estrelas saibas que teu sonho se cumpriu!". Estava olhando as estrelas e viu que seu sonho não se cumprira, não. O sonho se acabara.
Por mais forte que fosse, as dores do coração a faziam chorar. Estava triste demais. Aquelas estrelas lembravam do seu grande amor que não a amava. Um amor solitário, sem destino, sem início nem fim. Maria sentiu-se com pouca inteligência. Como pudera amar, e ainda amava, sem ter se concretizado nenhum toque? Como pudera se entregar, assim, para alguém que nunca a deixara segura em relação ao sentimento mútuo?...
A cachorrinha puxou a guia... queria ir adiante... Maria se deixou levar.
"... se deixou levar!" Este era o termo exato. Maria havia se deixado levar por um sentimento intenso que ainda existia, embora tentasse sufocar.
Olhou novamente as estrelas e com elas falou, como se estivesse falando consigo. Nada no mundo conseguiría apagar este sentimento? Será que o tempo, tão amigo dos apaixonados, não exercia nenhum efeito sobre si? Será que a frase que escrevera numa outra noite seria uma verdade sem volta? "Amores verdadeiros não morrem... apenas se escondem nas estrofes dos poetas tristes!"
Maria queria que esta frase fosse mentira. Queria sentir que seu coração estava aberto para outros sentimentos, outras formas de se realizar. Mas ele a estava, sem dúvida, traindo.
Novo puxão na guia... desta vez sua queridinha estava querendo correr... Esta é a vida... as dores de Maria não impediam que a vida continuasse, sempre...
Maria seguiu, correndo um pouco. O vento batia em seu rosto. E sentiu que havia um espaço mais fresquinho em sua face... a brisa da noite tentava secar pequenas lágrimas que refrescaram a dor do seu interior.
Maria decidiu que vivería. Eternamente triste pelo amor perdido, mas sobreviveria. E o trabalho a esperava. Sem ele não poderia viver. Já sem o seu amor... (?)


by Miriam, triste, na quente noite de outono.

4 comentários:

Moura ao Luar disse...

Beijos

A Flor disse...

Este teu cantinho é um diário... um diário onde escreves o teu dia-a-dia, mas sobretudo, onde deitas para o "papel" aquilo que te vai na alma! :D

Gosto de te "ouvir", gosto de saber como foi o teu dia... gosto de vir aqui.... e já agora, já te disseram que escreves bem? Com sentimento, com verdade de alma? pois é.... eu sinto isso, minha amiga e irmã em Cristo. :D

Que tenhas um dia abençoado e que possas tu, e também eu, ser o sal da terra e a luz do mundo! amem!

Tua Flor te deixa lirios, muitos lirios e gotinhas de chuva vindas do céu...

Anônimo disse...

Minha amiga:

Vim de lá dos mundos incas, onde o sol se deita com a lua e ambos falam a voz das coisas renascidas e, eis-me aqui, a olhar contigo as estrelas e a ler os teus contos.

Sim, minha amiga, eu partilho da ideia de que o o amor pode acontecer sem toque. O amor é em si mesmo, toque: de alma!

Tudo e resto é carne. Não quero com isto dizer que a carne não seja importante a uma relação - é e muito. Usando uma frase de alguém que me é muito querido "o amor (sexo) é o mimo supremo". Sim, na verdade assim é. Só concebo a entrega e a partilha do corpo, quando a alma já se acasalou. Tudo o resto me é estranho. Não perfilho ...

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Bjs, querida. Adorei ...

Páginas Soltas disse...

Adorei a história...

Já tinha lido a do post seguinte... reli tudo outra vez!

Beijinhos minha querida amiga

Maria