segunda-feira, novembro 27, 2006

O "toque"

Hoje resolvi falar sobre o "toque".
Tudo que aqui vou falar é exatamente o que estou sentindo. Porque a solidão emocional, aquela solidão por não ter um amor, um parceiro, nos leva a sentir esta ausência.
O "toque" sempre foi e sempre será importante. E tudo começa no nosso nascimento. Sou mãe. E, logo após o nascimento de nossos filhos, a primeira atitude dos médicos e enfermeiras é colocar nossos filhos sobre nosso corpo. A emoção de estar vendo, pela primeira vez, a face daquele que já de há muito é amado, nos faz derramar uma lágrima. E nossos lábios se dirigem para aquele corpinho frágil e carente do nosso amor e nosso cuidado. Um primeiro beijo... um primeiro toque... e a carícia sela nosso compromisso de cuidar e proteger o filho amado. Visualizando pelo lado do bebê, ele, que somente sentia o pulsar do coração da mãe e ouvia a sua voz, de repente, ao sair de seu local protegido e no qual estava seguro, em sua súbita e traumática passagem de estado, passa a sentir nossas mãos a tocar seu corpo, e um suave e terno beijo, pelo qual há a interatividade e a troca de amor. É um momento mágico e único. Mãe e filho, a sentirem-se próximos, embora já desligados fisicamente. Mas, há uma ligação mais forte que a física. A união de almas... a união de amor.
E assim, no nosso desenvolvimento, o toque sempre se faz presente. Tanto como amor, como como agressão. Uma palmada, ou um toque no braço , depois de um adeus... Uma palavra agressiva, escrita ou falada, é uma agressão que é mais que toque... é a dor física sem existir contato físico.
Nossos amigos também sentem nosso toque. Como é bom encontrarmos nossos familiares, nossos amigos e os tocarmos. Como é agradável a amizade pura e sincera que nos faz encontrar várias formas de abraços e carinhos para aqueles que, de alguma forma, fazem parte da nossa vida e do nosso "sentir-nos parte de". Um sorriso, um beijo, um brinquedo, um retorno depois de algum tempo separados... e a amizade se faz sentir em toda sua extensão, ao tocarmo-nos com um beijo em cada face do amigo que ali chegou.
Nosso amor homem-mulher começa com o toque do olhar. Quando sentimo-nos olhados e prescrutados por dentro. Quando sentimos um baque no peito ao encontrar aquele a quem amamos. Logo a seguir, o toque das mãos, dos lábios.. o toque do corpo sobre o corpo. E a certeza de que, no toque, somos parte um do outro. A certeza de que, no toque, demonstramos nosso amor e complementamos nossa ligação.
Mas na vida nem tudo são comemorações e alegrias. Há os momentos de tristeza. E neles, a necessidade do "toque". O toque amigo, o toque do amado, o toque dos filhos, o toque daqueles que nos amam. Um ombro sendo tocado por nossa cabeça, quando dele precisamos... uma mão se dirigindo à nossa face para secar algumas lágrimas... um olhar a nos dar apoio e tocar nosso coração.
Somos humanos. Vivemos num físico imperfeito... e precisamos do "toque". Nosso complemento é o "toque". Sentimo-nos completos quando, ao acaso, sem esperarmos, alguém chega perto de nós e toca-nos com os lábios, dando-nos um beijo terno. Aconchego, partilha. Amizade. Carinho. Suavidade. Amor.
Como é triste quando estamos há muito tempo sem sentirmos um "toque". Como é triste a solidão do "toque".
Hoje, quando senti a falta deste "toque", resolvi que seria o assunto do novo post do Noites de Verão. Eis que, ao estar terminando meu estudo, para poder iniciar a escrever, meu filho se aproximou de mim e beijou-me a testa. Sorri... A união falada no início... a união de almas... a união de amor entre mãe e filho. Quanta ternura... Quanta suavidade sentida num simples "toque" de lábios em minha testa. Que alegria poder dizer que, esta noite, não vou dormir sem o toque de um beijo. Que a minha realização como "mãe" é completa.
Assim, também, um dia, quem sabe, poderei dizer aqui que toquei um ombro com minha face, que minhas lágrimas encontraram uma mão que as secasse e que um suave beijo em meus lábios selou um novo amor. Que encontrei a alegria de me sentir, novamente, mulher.



by Miriam, numa preleção sobre o "toque".

sábado, novembro 25, 2006

Minhas "Noites de Verão"

Estou com sono. Já são 23 horas e 12 minutos. Meus dias tem sido muito corridos.
Mas, uma coisa que tem me chamado atenção, nestes dias quentes de verão e nestas "Noites de Verão", é que eu me habituei com a minha nova vida. Novas promessas, novos desafios, novas pessoas... e, em geral, tudo que era novo, passou a fazer parte da minha "atualidade". E tudo o que era velho, deixou de ser importante.
Como poucas pessoas aqui passam, gosto de comentar sobre o meu lado emocional por aqui mesmo. Grandes superações aconteceram na minha vida. E, com elas, uma imensa paz e o sentimento de "dever cumprido". Foi cumprida a minha missão. Plantei onde tinha que plantar, semeei onde tinha que semear... O nascimento vai depender de cada um e da sua aceitação.
Sempre tive um sonho: de não passar em vão, nunca, na vida das pessoas. Sempre sonhei em deixar alguma lembrança boa. Sempre consegui isto... mas, por alguma razão que nem mesmo eu entendo, isto não aconteceu nestes últimos tres anos...
Sei que foram poucas pessoas. No máximo, três. (Interessante os números.. iguais. 3 anos - 3 pessoas)
O que estas pessoas não sabem é que sementes foram plantadas e deixadas bem escondidinho. E que Jesus cuida de regar, já que eu não posso mais. Na hora certa, confiante nas minhas orações e na bondade do Pai, elas vão germinar e dar flores e frutos.
Mas, voltando ao assunto anterior... minhas mudanças aconteceram e me deixaram mais leve. Hoje sou outra pessoa. Com mais experiência, mais vivência e com a constatação de que o passado deixa de magoar e deixa de ser lembrado, quando cumprimos com nossa missão.
Sei que este post não está "belo". É que meus olhos estão fechando e meu sono é imenso.
Amanhã aqui voltarei e trarei novas coisas... novos posts. Afinal, estou vivenciando, atualmente, muitas "Noites de Verão".

by Miriam, com muito sono e desejando a todos um excelente domingo!