sexta-feira, novembro 16, 2007

O tempo sem tempo do tempo.

Maria levanta a cabeça... estivera cabisbaixa durante muito tempo. E entregara-se aos pensamentos, às recordações. Passou um tempo... o tempo do tempo... e o tempo se foi.
Assim como o tempo, as palavras tem um tempo de existência. E este tempo era finito. Tudo é finito. A não ser a nossa alma. E, neste finito tempo do tempo das palavras, muitas coisas foram ditas e muitas o deixaram de ser.
No silêncio está a verdade, e na negação do fato a realidade. Nas sofridas notas de um piano, que canta as dores de quem toca, está a certeza do sentimento de sombria estupefação.
Maria sabia que o que estava dizendo não fazia sentido para ninguém. Mas no tempo do tempo, a luz se derramaria sobre as pessoas e o entendimento se daría.
O tempo fora o tempo... não mais o era. E, deixando de ser, ultrapassava a barreira do material e se deslocava para a enternidade.
Maria estava no final do tempo das palavras. E colocava suas dores nas notas tristes tiradas em músicas eternas. Eternas porque somente a música é eterna, na contingência material das ferramentas das sublimações.
Saiu, mais uma vez, a passo... um passo do tempo sem tempo, que modificaría a sua vida - no tempo sem tempo do tempo.
Maria fora o tempo... e o tempo se rompeu.