sexta-feira, outubro 26, 2007

Dolorosamente iguais...

Maria estava melhor. Havia passado por momentos difíceis... os quais ainda não haviam se solucionado. Mas a fraqueza se convertera em mansidão e retorno ao convívio da alegria e dos sorrisos.
Numa etapa tão difícil como a que havia passado - nada agradável -, ela se perguntava porque tudo era muito mais sofrido para determinadas pessoas e para outras a vida corria com mais calma e mais vitórias. Sua vida foi - e estava sendo - muito sofrida... lutas diárias, sempre "correndo atrás da máquina"
... e só.
Esta solidão, na qual ela se via sozinha na batalha, sem nenhum ombro ou ajuda, era o que mais a deixava triste. Pois "onde dois estão juntos, quando um cai, tem quem o levante"(bíblico). E este apoio, que tanto lhe fazia falta, era um sonho quase inatingível e quase impossível de ser "sonhado" no dia a dia.
Levantou de seu trabalho e, olhando uma revista, seu olhar percorreu algumas linhas onde assim estava escrito:
-"Pior solidão é aquela que sentimos quando estamos acompanhados".
Maria sorriu... a resposta estava ali. Mas nem precisava estar, porque Maria sempre foi só, mesmo quando estava acompanhada. Ela sabia muito bem o que queria dizer isto.
A música que escutava lembrava um final de semana se aproximando... ou ja em pleno andamento. E , mais uma vez, tudo seria igual. Tudo se repetia na vida de Maria, como se repetia o sol, ao nascente e ao poente. Os raios do sol, pelo menos, mudavam de tom e intensidade, dependendo do tempo, do dia. Mas os dias de Maria permaneciam iguais...
dolorosamente iguais...
infinitamente iguais...
sofridamente iguais...
Uma musica suave tocava, naquele momento... E Maria permitiu-se perambular pelas calçadas da mente, dançar nos jardins dos pensamentos... abraçar um amor imaginário e saltitar por entre arbustos e flores, cantando e encantando... levando em seus ombros o manto da alegria e da paz por poder sonhar... e era livre para sonhar.
Talvez tenham tirado tudo de Maria... mas não sua liberdade de sonhar. Não sua liberdade de "crer contra a esperança" ... não sua liberdade de saber-se triste por momentos, mas compreender que superaría a dor e continuaría a viver... a lutar...
e a vencer, em algum dia, em algum lugar...

ou pelo menos:
... em alguma coisa!

by Miriam, ainda em recuperação.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Sem rumo

Maria começou a caminhar sem rumo... deixou-se levar pelo coração e pela emoção. Não via as pessoas que passavam, nem carros... não via nada. Algumas lágrimas teimavam em querer aparecer e ela não as deixava correr. Não teria como mostrar suas dores e seus temores a ninguém. E não queria.
Seguiu seu rumo, que nem rumo era, pois se perdera da vida... perdera-se de seu sentido, de suas esperanças...
Olhando seus pés, que a levavam não sabia onde, não se deu conta quando se deparou com uma pracinha pequena. Ali algumas árvores, um banco e um caminho por onde várias pessoas caminhavam em seu exercício de final de tarde. Sentou-se, com a cabeça baixa... nada tinha a olhar.. nem a fazer... não sabia porque estava ali, nem porque havia sentado. E deixou o tempo passar...passar...
...passar.
Olhou em volta e poucas pessoas restavam. A noite se mostrava, com sua brisa suave e tonalidades confusas. Alguns raios de sol ainda iluminavam o horizonte, dando a cor avermelhada característica do poente... pequenas formas de nuvens, aqui e ali, num escuro azul acinzentado, transformavam o céu numa imagem digna dos grandes artistas. Mas nada animava Maria... que havia se escondido da vida e das pessoas no inverso escuro da natureza... não queria mais que a vissem, nem que a escutassem. Sua voz estava rouca, seus olhos sem brilho... e era chegado o fim.
Maria não se lembrava como ali chegara nem como devia seguir. Mas seu instinto de sobrevivência a impulsionou a buscar o conforto de sua casa. E lá se foi...
...Foi à passo... como tinha vindo até ali.
...Foi sem olhar os carros, as pessoas.

Foi sem sentir...
...Embora sentisse muito!

by Miriam, numa noite de primavera

Será que resiste?


Maria estava triste... muito triste...
Maria estava cansada...
                         muito cansada...
                         muito cansada...
Será que Maria existe?
Será que Maria resiste?
Quem será Maria?
O que quer Maria?
Onde anda Maria?
Por que Maria?

Maria estava cansada...
                         muito cansada...
Maria chorava...
                         muito...
pois estava cansada...
                         muito cansada.

by Miriam - (Imagem da net)

segunda-feira, outubro 15, 2007

Um adendo ao post anterior

Um adendo ao post anterior.
Ao fazer o post eu, nas palavras soltas, escrevi uma que, para mim, não tinha sentido. "Acidente".

"avenida, carros, estradas. ... horror, acidente, enxofre, ramada, sujeira, vassoura,...verídico, cuidado, porta, sufoco, cansaço, serventia, operação, viagem..."
( não posso esquecer de registrar que, aqui no RS, as plantas que existem e nascem pelos campos e à beira das estradas chamamos de vassouras)

Bem. Eu ainda não havia lido a notícia (nem sei se já estava publicada, provavelmente não estivesse ainda) sobre um acidente com um conhecido.

Deixo, aqui, o registro. Com a graça de Deus nada ocorreu de mais grave. Mas, como podemos esquecer que temos mais do que corpo? Como podemos esquecer que temos alma... e que esta alma está acima de qualquer espaço e tempo? E que podemos perceber acontecimentos ocorridos à distância, mesmo que não façamos parte dele?

Não é um fato isolado, este que ocorreu. É habitual em mim. mas quis deixar aqui, registrado. Sabe-se lá até quando estarei escrevendo aqui.

E a propósito do comentário feito no post anterior. Eu não estou saindo em férias. Quem sou eu para ter estes privilégios? Não posso contar com isto.

Deus os abençoe!

by Miriam

domingo, outubro 14, 2007

Sono reparador

Maria não seria capaz de dizer o que estava sentindo. Os sentimentos misturavam-se, confusos, em seu peito. Sabia não ser tristeza, mas não conseguia definir.

Sorriu ao pensar que, pelo menos, sabia o que "não" era. Já havia dado um passo em frente.

Movimentou-se, impaciente, em sua cadeira. Algo no ar... Algo que a incomodava. E começou a jogar com as armas de sua profissão (abandonada). Jogou palavras e fatos ao ar... em busca da resposta.

Neste Domingo o Horário de Verão estava começando. Maria não gostava deste horário. Eis que lembrou da noite anterior. Quando deitara, adiantara o relógio em uma hora. E, no mesmo instante, pensou:
-"Começou o tempo que eu não gosto".
Não gosto.... isto um cristão não deve dizer. Pois todos os dias são graças e bençãos de Deus. E a cada dia, mais graças, mais bençãos, são derramadas na nossa vida. Mas o verão, com seu calor insuportável, mosquitos, cansaço constante devido ao mal estar que o calor deixa no corpo... tudo isto a incomodava.

Neste Domingo estava sem poder trabalhar. Faltava material. E ela dedicou-se ao estudo. Alguns a deixaram triste, pois não conseguiu estudar- dúvidas e problemas com os programas que não sabia como solucionar. Entregou-se ao desenho e animação - desta forma ocuparía seu tempo e aprendería.

Muitos fatos contribuiram para o bem-estar de Maria na semana que havia passado. No entanto, o próprio bem-estar lhe dava a incômoda sensação de que estava, agora, vazia. Antes o sentimento lhe acompanhava. Mas,exatamente por isto, sem ele nada estava preenchendo o seu coração. Era uma situação "sui generis". Não tinha objeto para direcionar seu pensamento.

Lembrou-se, também, de amigos que estavam se aproximando. Amigos novos, amigos de algum tempo. Lembrou-se de que ganhara um irmão virtual. Lembrou-se do dia lá fora, com sol e céu azul. Lembrou-se de que estava sentada na frente do PC, sozinha, a escutar música. E jogou mais palavras:

Dúvida, anseio, solidão, retração, ressentimento, falsidade, saudade, aversão, bula, almoxarifado, sentimento, musicas, hortências, flores, relógio de flores, avenida, carros, estradas, jumento, autêntica juventude, horror, acidente, enxofre, ramada, sujeira, vassoura, beijo, casal, unidade, carícia,dança, dança com lobos, filme, televisão, reportagem, verídico, cuidado, porta, sufoco, cansaço, serventia, operação, viagem, situação cômoda, angústia, autenticidade, confirmação, autoridade, camaleão, suavidade, sentimentalismo exagerado, efusão, efusão do E.Santo. Conversão, arrependimento, reparação, eternidade, felicidade, amor.

Restava, agora, juntar as palavras e tentar decifrá-las. Nada incômodo. Pois estava, realmente, sem ter o que fazer.

Não sabia exatamente o porquê. Mas o próprio fato de escrever as palavras, e relê-las, havia aliviado seu peito.

Sentiu sono. Há pouco acabara de almoçar. E, como não podia deixar de ser, a moleza se instalava no seu corpo após o almoço. Não era consigo apenas. Todos sentiam. Nem sempre podiamos descansar como seria conveniente. Mas, hoje, Maria podia.

Saiu da frente do monitor e do teclado, sentindo-se calma e tranquila. O sono a embalava. A música suave dormitava com ela. E, nas mãos que escreveram, a cura para um estado momentâneo de insatisfação.

Todo seu ser se direcionava para que fechasse os olhos e se entregasse ao sono reparador. E Maria não lutaría contra isto.

by Miriam, antes de sair para descansar.

domingo, outubro 07, 2007

Renovação

Hoje estou realizada. Renovei minha página pessoal. Há tanto tempo desejava fazer isto, mas não tinha coragem.
Até que, ontem, comecei a renová-la.
Se quiserem ver o novo Layout, que eu, mui sem modéstia, achei lindo, passem por lá:

Minha Página Pessoal

Mas, especial mesmo, messssssssssmo, é uma música que toca na Poesia "Momento":

Momento


Espero que passem lá e escutem a música. Linda.
Ela é especial na minha vida. Muito especial.
Deus os abençoe.
Miriam