sábado, janeiro 13, 2007

O descanso de Maria

Parou de trabalhar. Estava cansada. Resolveu dar-se um tempo.
Pegou a caneta e começou a escrever. A dor era profunda. Sentia saudade. Saudade que voltara a se manifestar com intensidade. Maria não sabia o porquê. Apenas vivenciava.
Há poucos dias, também vivenciara o sentimento de perda pela morte. Não para si, especificamente. Mas no meio onde vivia. E o cansaço, somado à dor dos amigos, esfumaçou a realidade presente e deixou seu coração à mostra. Neste coração, a dor. Neste coração, a saudade.
Maria sentia-se só. Não era "solidão". Considerava-se uma pessoa feliz. Mas sentia-se só. Sem seu amor. Percorreu a casa, em busca de fotografias... não as encontrava. Havia se desfeito de todas elas... na mágoa, não quis ficar com nada que lembrasse o rosto amado.
Pensou em escrever alguma coisa... que nada! Expor seus sentimentos era muito triste. As dores de amor, assim explícitas, não são fáceis de se dispor em público. Ousava em crônicas, em poesias...Mencionava fatos semelhantes, usava termos figurativos. Mas colocar suas dores cruamente, a sua imensa saudade de quem não sentia o mesmo, era muito difícil.
Olhando para o lado, viu a janela... na rua, o sol. Pela vidraça, a paisagem tantas e tantas vezes imaginada sendo percorrida pelos dois.
Suspirando profundamente, escondeu pequenitas lágrimas que turvavam seus olhos. Era hora de voltar a trabalhar. Era hora de esquecer... embora, no seu coraçãozinho puro e verdadeiro, sentia ser hora de amar.
Maria levantou-se... colocou o livro que estava nas suas mãos sobre o sofá. O descanso estava terminando. E a vida continuava. Deu adeus ao seu amor, que tão intensamente invadia sua mente nos últimos dias.
Um sorriso triste iluminou seu rosto. Este amor não terminaría nunca. Amores verdadeiros não terminam... apenas se escondem nas estrofes dos poetas tristes.

by Miriam, contando uma história.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Minha despedida de 2006

No penúltimo dia do ano de 2006, sentei-me e escrevi o que transcrevo abaixo. Por ser especial, está neste Blog "especial" do Noites de Verão. E o estou publicando numa tardinha de verão. E que verão! Quente demais.
Pois, eis que aqui deixo esta manifestação de um sentimento que me acompanhou durante os dias que estive longe da minha cidade. Eis aqui:


Fim de Ano! Início de Nova Vida!

Hoje, penúltimo dia do Ano. Dia 30 de dezembro de 2006.Estou numa casa onde, outrora, morei... Onde, outrora,vivi algum tempo. Onde me estabeleci, após mudança de cidade, num ambiente físico reformado e aumentado, conforme um planta feita por mim.
Um tempo dividido entre a esperança de uma nova vida, com a família unida, e a sensação de derrota e perda, que toda separação causa.
Hoje, aqui estou. Sentada no escritório... digitando este novo post.
Estranho como podemos nos sentir "estranhos" num lugar que, antigamente, era a nossa casa, o nosso lar. Daqui saí, em estado de choque, procurando abrigo na residência da minha mãe. Para cá voltei, após a separação, tentando viver uma situação de paz e solidão. Mas uma solidão pela qual esperei durante 23 anos.
Sei que já vivi muito. Que já passei muito... Que minha idade é a idade de observar em silêncio e tirar as lições que a própria vida nos dá. Mas, hoje, aprendi a mais nova lição. Que o passado tem que ser "passado". Que devemos nos desligar de locais da mesma forma como somos obrigados a nos desligarmos das pessoas que fizeram parte da nossa vida e não mais o fazem.
Interessante como, comigo, aconteceu a vivênvia do luto de forma incompleta e trocada. Desliguei-me da pessoa, mas não dos lugares. Desliguei-me do sentimento, mas não do espaço físico onde vivi com meus filhos.
Hoje estou aqui, a me sentir um peixe fora d'água. Hoje, penúltimo dia do ano de 2006, e eu, com meu "insight", a tomar nova direção na minha vida. Que inicía com o Ano de 2007.
A melancolia se fez presente desde que aqui cheguei... numa cidade que me deixou marcas profundas.Sequelas eternizadas pela própria vida. Marcas que me acompanharão sempre. Mas que, de alguma forma, foram os tijolos que precederam a minha nova contrução. Porque somos construídos, a cada ano, pelos materiais que a vida nos vai acrescentando.
Hoje, eu aqui... onde vivi. Hoje, eu com vontade de voltar para meu cantinho, para minha cidade.
Um Ano Novo se aproxima. Uma nova vida me espera. E sei que esta nova vida vai me afastar, cada vez mais, deste lugar, desta cidade. E nela, se voltar, será para vivenciar novas experiências, em novos locais.
Espero que, se daqui a 1 (um) ano eu cá voltar, seja em par. Com um novo Amor, com uma nova pessoa, com uma nova vida. Porque, hoje, eu percebi e me permiti viver novamente...um Ano NOVO, uma Vida NOVA.
Feliz Ano de 2007 para todos. Que as bençãos de JESUS se derramem a cada dia, formando um Ano completamente FELIZ e PRÓSPERO.


by Miriam... ainda melancólica pelo lugar, mas iniciando... sempre iniciando.