domingo, agosto 26, 2007

... e sorriu...

Domingo. Lá fora a chuva não parava. Maria escutava uma música triste. Seu coração ainda estava umedecido pelas tristezas da vida, pelas dificuldades do seu dia, do seu trabalho, da sua emoção. A cada palavra que lhe vinha à mente, outra rebatia com força, em seu íntimo, impedindo que conseguisse ser completamente verdadeira nos seus insights; Nem ela mesma se permitia ver a verdade em seu coração... em sua vida. O período de tristeza que estava vivenciando ainda não passara. Mas passaría. Jesus sempre a estava amparando. - ...e se classificou psicológicamente, embora sabendo que isto não era verdadeiro.

(Riu-se...Será que todo humano poderá ser chamado de bipolar? Pois momentos de tristezas e alegrias se sucedem, fazendo com que tenhamos a certeza de que somos humanos. E que ainda estamos em busca...)

Maria arrumou uma mecha de cabelo que caía em seu rosto.. não conseguia pensar em mais nada... estava amorfa, sem sentimentos, sem bagagens, sem vontade de nada. Era uma Maria em meio a muitas outras... e estava sentindo que a última revelação que teve, em relação à pessoas amigas, a deixara inquieta e desalentada...
Pensou em um amigo que lhe enviara um e-mail dizendo que "pessoas assim como tu não existem". Respondeu, em pensamento: "Existem, sim, amigo... Mas eu ainda não encontrei"...
O que lhe dava forças era saber que, um dia, iría encontrar uma pessoa assim... Com um sentimento sincero, em uma relação transparente, sem mentiras e sem engôdos.
Mudou de posição, em sua cadeira de trabalho. Neste Domingo estava com seu trabalho parado, em razão da falta de material. E isto a preocupava. E, mesmo que não quisesse, fez correlação com seu coração... que também estava parado por falta de material....
Já as suas experiências negativas em relação à amizade, à verdade, à vida, estavam atulhadas de materiais, vindos de todos os lugares, de todas as partes... dentre flores e paisagens, musicas e silêncio, verdades e omissões destas...
Seu mundo começava a se fechar... começara a escolher por onde andar, com quem andar, como falar... não queria mais nada que a colocasse em risco. Estava numa fase onde se escondia na carcaça para não ter que olhar para o perigo, não ter que olhar para frente.
Pensou... pensou...
... a música terminara.
E ela daria um tempo maior para seu descanso.
A noite lhe seria um alento... esquecería os problemas, por algum tempo.
... e saiu...
... e sorriu...
... e dormiu.



by Miriam

2 comentários:

Mariliza Silva disse...

A diferença do bipolar, em relação aos percauços da vida, é que independe do externo. Independente de algo tenha acontecido ou deixado de acontecer em sua vida, o bipolar oscila em sentimentos bruscos de euforia e depressão.

Essa Maria me lembra muito uma pessoa que conheço: EU.

Beijão

Mariliza

Anônimo disse...

Minha Amiga,

Como já nos habituou!
Estes momentos que se lêem, embalados pelas palavras. :)

Mesmo se por vezes parecem apenas tristes, há por aqui muita força e alegria, para enfrentar as adversidades próprias do dia a dia e também para sorrir!
Hummm...
Melhor que eu, pela sua formação académica, sabe que ser bipolar não é só o oscilar entre alegrias e tristezas.
Porque elas,as alegrias e as tristezas; o sorriso e a lágrima ...
São o doce e o sal da Vida!
De todo o Ser Humano.

(Há musicas que nos transportam para esse espaço da lembrança...)
Musicalidade neste final:
«... e saiu...
... e sorriu...
... e dormiu.»
Beijinhos,
mjose