sábado, maio 26, 2007

Banco de Jardim - o Paraíso.



Maria caminhara muito... Ainda era madrugada, quando saíra para a vida... As estradas lhe pareciam infindáveis. O caminho era de uma beleza impar, mas seus pés estavam cansados.
O cansaço tomara conta de seu corpo e seus sonhos lhe pareciam impraticáveis. Sua persistência em seguir a caminhada, em lutar, tinham, em contrapartida, um efeito desastroso na sua vida. As vezes cansava. Cansava demais.
Lembrou que nunca havia descansado, nadica de tempo, de suas responsabilidades de mãe e responsável pela família. Nunca pode dividir as preocupações... com doença, casa, andamento de tudo... e sua caminhada era dura e áspera, neste tempo todo de vida e caminho, entre estradas e pedregulhos.
Olhou as árvores que a rodeavam... coloridas... mas a estrada estava negra. Sinal de solo fértil. Mas, em sua mente, sinal de dor e exaustão. Porque não podia sentar ali... havia umidade... havia terra preta, que mancha. E ela queria descansar...
A suave brisa, que corria por entre as árvores, brincava com Maria... dizia seu nome, imitava os passarinhos, carregava o cheiro da terra molhada pelo orvalho. Balançava seu cabelo, levando-os aos olhos... como que para mostrar que ela não podería ver aquela paisagem assim. Pois, naquele bosque, a estrada tinha que demonstrar sua fertilidade, que o caminho tinha que ter pedras e curvas... e que, em todo caminho, lá estava ele a acompanhar e a brincar com Maria...
Sorriu...
E a brisa, novamente, em uma golfada, levou seu cabelo aos olhos... e Maria sentiu... percebeu que tinha que olhar para dentro de si. E que ali dentro a paisagem era igualmente linda. Ali havia esperança, que controlava a fraqueza. Havia garra, que controlava a solidão. E havia um coração, que a impulsionava a amar. Amar a vida... Amar a cada dia.. a cada estrada... a cada lágrima derramada, a cada exaustão, a cada fraqueza... porque, sem elas, não seria vida.
Afastou a mecha de cabelo de seu rosto... aquele gesto era significativo.
Embora alguns fios ainda teimassem em se esticar pelo rosto, tentando alcançar a outra face, ela conseguiu vislumbrar a paisagem que se descortinava atrás da curva...
Cada um a vê de um modo diferente... Mas, para ela, naqueles dias de fraqueza, era uma paisagem a ser descoberta, ainda... e os primeiros sinais lhe indicavam que seria um belo horizonte.
Ainda fraca, ainda querendo "só descansar", seguiu em frente... A brisa lhe avisava que ali... logo ali.... faltava muito pouco... havia um banco. Um banco de jardim! Um paraíso.

by Miriam, na espera do encontro do "banco de jardim".

5 comentários:

Moura ao Luar disse...

Há sempre um banco à espera... no final no caminho, ou no meio, porque o final é definitivo, e o descanso é necessário antes de chegarmos lá

Anônimo disse...

Olá Miriam
Texto lindíssimo este.
Gostei muito.
Boa semana

**BEIJOS**

nOgS disse...

É viciante a tua escrita.

Um abraço de até breve.

Anônimo disse...

Continue com essa brilhante forma de escrita...

Cumprimentos,
Miriam.

Silêncio © disse...

Que lindo texto!!!

Voltarei outro dia com mais tempo para olhar bem o teu cantinho.

Um Beijo em Silêncio