sexta-feira, agosto 18, 2006

Resposta para Antonior

Um amigo, que me é especial, comentou a imagem da Lua, que está imediatamente abaixo deste post:
..."pergunto-me o que se esconde na face escura da Lua, que nos mostras neste post, e o que se oculta na zona iluminada em que a Luz nos cega. Só conseguimos ver aquela estreita faixa, ao alcance dos nossos olhos. Tal e qual como no nosso quotidiano vulgar...."

Costumo dizer às pessoas, que me perguntam sobre minhas poesias, crônicas e textos, que jamais poderia escrever desta forma, se não tivesse passado pelas experiências de vida pelas quais passei. Hoje não consigo mais fazer poesias. Sinto muita tristeza por este fato, mas minha inspiração não me leva às palavras poéticas. E, na face escondida da Lua, guarda-se a razão disto.
Na face escondida da Lua, Antonio, estão as tristezas que vivenciei nestes 51 anos de vida (quase 52 pois completo no dia 29-08). Não posso dizer que foi fácil. Não foi! Em nenhum momento da minha vida foi fácil. E, quando as dificuldades começaram na minha área emocional, as poesias explodiam pelos meus dedos, tranformavam-se em palavras, organizavam-se em estrofes e tocavam o coração de quem lia.
Por vezes, eu criava canções... e elas manifestavam, também, toda a minha luta pela felicidade.
Hoje, somente consigo escrever crônicas, textos e algumas coisas parecidas... A minha inspiração ficou lá atrás, nas luas passadas... Porque as experiências ficaram guardadas, como já disse, na face escondida da Lua, mas a inspiração não ficou neste belo astro... ela virou tempo e foi com ele, para longe... muito longe!

Mas...
... guardo, bem escondido, meus amores...minhas dores...

No escuro estão as dores pelas perdas, pelas batalhas perdidas, pelas mãos sangrentas e sangrantes. Mais escondido, está o amor que posso dedicar, ainda. E, no mais profundo do meu lado escuro, está a vontade de desistir de tudo.
Em mim, um olhar triste e a possível falta de vontade de seguir são ofuscadas pela Luz de Vida que manifesto em meu exterior. Porque esta Luz não se apaga. Ela é a força que tiro do meu coração,olhando para a vida em redor, e que me leva em frente.

...Pois, eis que a própria Luz esconde a fraqueza interior, manifestada exteriormente.

Creio que todos temos nossas LUAS com faces escondidas - que não se mostram, e faces manifestas - que ofuscam alguns detalhes.
A nossa Lua/Vida nos prega peças. Faz-nos perceber que vivemos por alguma coisa mais importante do que só aqui. Senão perderíamos o sentido de viver.

Noites de Verão. Este é um nome que me veio instintivamente. Porque uma noite de verão é agradável. Nela encontramos o oasis de um dia quente, de um cansaço suado e desgastante.
Um banho morno, um perfume... e nos dirigimos à rua, para sentirmos a brisa noturna a nos acariciar e acarinhar, devolvendo-nos a força perdida durante o dia estafante.
Pois, este nome me remeteu à esta imagem. E esta imagem, através de teu comentário, me levou ao "insight" de meus escondidos e manifestos sentimentos.
Obrigada por ele... profundo, inteligente, carinhoso e sensacional comentário.
Beijos

5 comentários:

Nilson Barcelli disse...

É normal que a inspiração poética desapareça por uns tempos.
Pense que não há mal nenhum nisso, pois permitir-lhe-á escrever coisas interessantes como este texto a propósito de um comentário.
E porque há sempre um lado bom, mesmo nas coisas más. Claro que, às vezes, é preciso procurá-lo...
Uma boa semana.

antonior disse...

Olá, Miriam!

Fiquei sensibilizado com a resposta específica e intimista que deste/expuseste publicamente de uma forma tão simples e generosa.

Peço desculpa pela demora neste comentário, mas o tempo é, cada vez mais, para mim, uma brincadeira com que os Deuses testam a minha capacidade de jogar o jogo da vida. E, para mais, este é um comentário que não devo nem posso fazer com duas palavras soltas e distraídas, coisa que, de qualquer forma nunca faço.

Pois é minha amiga, temos aproximadamente a mesma idade. Tenho 52 anos já feitos, em Junho. E, como já daria para perceber poderia escrever muito do que escreveste, ou melhor, poderia subscrever as tuas palavras porque o teu talento é só teu.

Acredito que se acreditares que consegues vencer o teu cansaço, a antiga inspiração voltará porque ela vive na Alma e não morre. Sobrevive sempre, em estado de latência.

Eu queixo-me apenas de querer fazer mais e não ter tempo nem meios para isso. Mas o tempo é o mal e a cura de tudo. Por isso, a seu tempo tudo virá.

Um beijo e também a ti te desejo a benção de Deus.

antonior disse...

Vim procurar novo post, mas estás em recolhimento criativo :-)

Beijo

Guilherme F. disse...

Peço desculpa por não ter respondido ao teu post mas estou ainda no antigo

coisasdagaveta.blogs.sapo.pt

A Lua, essa eterna companheira dos Poetas...

Nilson Barcelli disse...

Afinal já conhecia... com que grande confusão eu estava...
Gostei de reler o teu texto e lembrei-me de outra Miriam que conheço há muito. Serão a mesma pessoa? Conheceste-me quando as poesias explodiam pelos teus dedos?
Beijos.